Personagem tem muito mais a nos ensinar sobre controle e riqueza do que você imagina

Por Naiara Bertão, Valor Investe — São Paulo – 29/08/2019
Olá, meninas! Estamos quase em setembro e, quando as pessoas se dão conta de que só faltam quatro meses para o Réveillon, a reação mais comum é: “Nossa, está passando muito rápido!”.
De fato, a impressão geral é que o tempo está voando e não estamos conseguindo fazer tudo o que é necessário ou o que queremos. Muitas vezes, jogamos para o fim de semana os compromissos que não couberam na agenda. Em outras, nos sacrificamos acordando mais cedo ou dormindo mais tarde para “dar conta” de tudo.
Em meio a essa “correria” nossa de cada dia, a sensação comum é de que estamos perdendo o controle. E aí mora um perigo fatal! A falta de controle está diretamente relacionada a nossa infelicidade.
No livro “O jeito Harvard de ser feliz“, o pesquisador, professor e consultor Shawn Achor explica que há situações em que nosso cérebro aperta o botão do pânico e o nosso lado racional é ejetado para fora do comando de controle. Neste momento – dá para se prever – não pensamos muito antes de fazer as coisas e, por isso, a chance de fazermos besteiras é grande.
Um exemplo clássico de falta de controle em economia comportamental: vender nossas ações quando a bolsa de valores está derretendo. O racional seria tampar os olhos, manter a posição (ou até comprar mais papéis, alguns recomendam) e esperar a tempestade se afastar.
Entrar em “pânico” é, claro, uma circunstância extrema. Mas, quem nunca sentiu estresse ou ansiedade quando percebeu que estava perdendo o controle da situação. Para evitar isso? Chame o Zorro!
Círculo do Zorro
Criado há exatos 100 anos (9 de agosto de 1919) por Johnston McCulley, o herói mascarado é comumente lembrado por seu combate a injustiças com a espada e o chicote. É claro que tem quem lembre apenas da bela – literal e figurativamente – atuação de Antonio Banderas no filme “A máscara do Zorro”.
Mas pouco se fala de como o espanhol Don Diego de La Veja (nome verdadeiro de Zorro) aprendeu esgrima. Adivinha como? Treinando! Como qualquer pobre mortal, a prática, o hábito e a força de vontade é que fazem as pessoas se tornarem boas em algo. Errou muito, mas aos poucos foi aprendendo a driblar as dificuldades, a confiar em suas habilidades, para seguir seu propósito.
Shawn Achor usa esse gancho para dar uma lição a todos: vamos por partes, gente!
“Se você nunca correu uma maratona antes, talvez devesse começar aos poucos, com algumas voltas na pista de corrida e ir intensificando suas sessões a partir daí.”
Ele tem razão. Se não estiver treinada, vai acabar se machucando, e o que seria algo prazeroso vai se tornar doloroso.
O sucesso, diz, tem muita relação com o controle. A crença de que nosso comportamento faz a diferença e de que temos controle sobre o nosso próprio futuro é importante não só para o nosso bem-estar, mas para nossa produtividade e motivação.
O excesso de estresse e carga de trabalho nos dá a sensação de incapacidade e, por isso, tendemos a desistir porque tudo parece mais difícil do que podemos fazer.
O que Shawn sugere é a mais simples das soluções: dominar pequenos círculos (de atividades, tarefas, habilidades) de cada vez. Assim como Zorro não se tornou um espadachim de um dia para o outro, a gente também não precisa colocar essa pressão em nós mesmos.
“Dar um passo maior do que a perna” é tão ruim quanto não fazer nada. Restringir nosso foco em pequenas metas realizáveis expande a nossa sensação de controle e poder. Consequentemente, ficamos mais confiantes e automotivadas.
Um círculo de cada vez
A chave está em definirmos passos realizáveis. Não coloque na agenda tudo que você quer fazer no dia, mas sim o que você consegue fazer no dia. Sabe o popular “devagar e sempre”? É isso aí.
Shawn Achor sugere três passos para retomarmos o controle:
1. Autoconsciência: as pessoas que sabem identificar o que estão sentindo e expressar esses sentimentos em palavras conseguem reverter mais rápido uma situação de estresse ou pânico.
“Escaneamentos cerebrais mostram que as informações verbais reduzem quase imediatamente o poder dessas emoções negativas, melhorando o bem-estar e as habilidades de tomar decisões.— Dessa forma, verbalizar o estresse e o desamparo, seja anotando os sentimentos em um diário ou conversando com um bom amigo ou confidente, é o primeiro passo para retomar o controle”, explica no livro.
2. Domínio do círculo: identifique na situação o que você pode ou não controlar. Boa parte dos fatores que nos irritam são externos. Está perdendo o controle? Anote em um papel as fontes de estresse ou problemas que pode controlar e, em outra coluna, o que você não tem controle algum.
“O objetivo é deixar de nos concentrar nos fatores de estresse que estão fora do nosso controle para redirecionar nossas energias às áreas nas quais nossas ações podem ter um verdadeiro impacto”, diz o autor.
3. Plano (simples) de ação: o que você pode fazer para melhorar a situação ou evitar que aconteça novamente? Concentre seus esforços em pequenas áreas nas quais você sabe que pode fazer a diferença.
“Ao estreitar seu escopo de ação e concentrar sua energia e empenho, as chances de sucesso aumentam. Pense nos seguintes termos: a melhor maneira de lavar um carro é colocar o dedão no jorro da mangueira, deixando aberta apenas parte da área. Por quê? Porque isso concentra a pressão da água, multiplicando a potência da mangueira.”
E minha riqueza com isso?
O que vale para esgrima, vale para qualquer esporte, habilidade manual (dançar flamenco, aprender a bordar, tocar violão, fazer pole dance etc.) e também para as finanças.
Um dos principais motivos pelo qual as pessoas não poupam é porque não tem motivação de curto prazo para isso. O consultor financeiro Gustavo Cerbasi explica em seus livros que o primeiro passo para você alcançar um sonho é dividi-lo em um plano e, posteriormente, em pequenas metas.
“Raramente a dificuldade de realizar grandes objetivos está na falta de dinheiro – até porque dinheiro é algo que se pode produzir com trabalho e criatividade. O que normalmente falta para alimentar a ambição é a capacidade de elaborar bons planos, ou de fazer boas escolhas que tornem viáveis planos bem elaborados”, diz o autor.
Mão na massa:
- Defina sonhos. Exemplo: morar fora do país, ter um filho, fazer MBA, casar, mochilão pela Europa, etc..
- Dê um nome a ele (apego importa)
- Calcule quanto vai gastar no total para realizá-lo e em quanto tempo você pretende realiza-lo (algo real, né, gente?)
- Divida em meses. Isso é importante para saber quanto você precisa reservar das suas receitas para isso.
- Se quiser algo ainda mais palpável, divida em semanas. Dessa forma, quando você for comprar aquela blusinha extra ou sugerir um restaurante caro, pode lembrar – racionalmente – que o dinheiro pode ser útil para aquele seu plano.
A mensagem final de Shawn, e na qual eu super acredito, é que, “ao lidar com um pequeno desafio por vez podemos reaprender que as nossas ações de fato têm um efeito direto sobre os nossos resultados e que somos em grande parte os mestres do nosso próprio destino”.
Entendidas?!
Bora fazer metas simples e realizáveis!!
Nai’ndica:
Dica de leitura: “As regras de ouro: dez Segredos Para se Tornar um Campeão na Vida e nos Negócios“, livro escrito por Bob Bowman, treinador do nadador norte-americano Michael Phelps desde 1996.
Reportagem: “5 lições de Michael Phelps que podem te ajudar a ser bem sucedido“, minha matéria sobre a palestra que Michael Phelps deu no Brasil este ano:
Artigo publicado originalmente no Blog Naiara com Elas no Valor Investe
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